"Pensa que Acabou"

Projeto Como nasce um livro? - com Raquel Gonçalves Ferreira

entrevista com Raquel FerreiraPor Luana Costa

 

Voltado para os alunos dos anos iniciais do ensino fundamental, o projeto Como nasce um livro? tem como objetivo fomentar a cultura leitora e alfabetizar de maneira prazerosa. Promovida pela professora Raquel Gonçalves Ferreira, da Escola Classe 18, de Taguatinga (DF), a ação rendeu à educadora, em 2012, o Prêmio Professores do Brasil, concurso que reúne experiências pedagógicas bem-sucedidas, criativas e inovadoras.

Para melhor entender o projeto da professora Raquel Ferreira segue entrevista feita pelo  Blog Educação. Confira!

Blog Educação – Como surgiu a ideia de desenvolver o projeto Como nasce um livro?

Raquel Ferreira – A ideia de desenvolver um projeto que envolvesse leitura e alfabetização surgiu depois de uma visita do cartunista Ziraldo a Brasília (DF). Ao perceber o interesse dos alunos durante o evento, decidi que seria importante mostrar a eles que todos podemos ser escritores. Assim, começamos a fazer o registro de vários temas relacionados ao cotidiano deles com o objetivo de escrever um livro coletivo.

Blog Educação – Como foi o processo de desenvolvimento do livro?

R.F. – Nós fizemos um livro por aluno sobre temas diversificados, que envolviam o cotidiano da escola. No final do projeto, desenvolvemos um livro geral, cada aluno foi responsável por uma página e o texto final foi criado pelo coletivo. Como eles ainda estavam em processo de alfabetização, também trabalhei bastante com ilustrações para deixar os livros mais bonitos.

Blog Educação – Qual foi o principal resultado do projeto?

R.F. – Posso destacar alguns pontos que fizeram desse projeto um dos vencedores doPrêmio Professores do Brasil. O primeiro é que consegui fazer com que as crianças fossem alfabetizadas de maneira prazerosa, sem um processo de alfabetização burocrático. Os alunos se encantaram pelo livro antes mesmo de começarem a ler e isso foi fundamental para que a alfabetização fluísse bem. O segundo ponto foi em relação à educação inclusiva. Na sala havia uma criança com Síndrome Propiônica que, apesar de não conseguir se comunicar com os outros alunos, participou de todas as atividades dentro de suas limitações e conseguiu se alfabetizar pouco tempo depois do restante da turma.

Blog Educação – Esse resultado trouxe alguma transformação pessoal?

R.F. – O contato com a aluna especial foi muito importante para a minha atuação como professora. Porque ler não é só nas letras; ler também é com o corpo. Aprendi a ler as crianças, a entender o que elas queriam. Todo projeto, para mim, tem que ter essa função social.

Blog Educação – O projeto participou de outras ações desenvolvidas na escola?

R.F. – Sim. Durante a feira cultural realizada anualmente na escola, as crianças apresentaram uma peça de teatro com o mesmo tema. Nós também deixamos em exposição todos os livros feitos pelos alunos e montamos cantinhos de leitura temáticos que davam aos pais uma ideia de como produzimos os livros.

Blog Educação – Que dica você daria para os educadores que desejam desenvolver projetos como esse?

R.F. – Eles devem colocar os alunos como principal foco de atuação e, para isso, saberem exatamente o que eles precisam. Além disso, devem alinhar as propostas de trabalho com temas atuais, com as propostas do próprio Ministério da Educação – MEC e focar, também, o envolvimento da criança com o tema proposto.

https://www.blogeducacao.org.br/2013/09/raquel-goncalves-ferreira-projeto-como-nasce-um-livro/

" Pensa que acabou"

 
  • CONSTRUTIVISMO E COMPRENSÃO DO SISTEMA DE ESCRITA.
 
  • PSICOGÊNESE DA LINGUAGEM ESCRITA
 

Hipóteses da criança sobre a linguagem escrita:

 

Nome: Criança 

Idade: 3 a 4 anos

Sondagem sobre a leitura

1- Leitura de Palavras:

- Apresentado os cartões, foi solicitado que ela separasse os que servem para ler dos que não servem.

Dos que não podem ser lidos separou apenas a palavra panelinha que está escrita em letra cursiva, ao ser questionada informou que não identifica nenhuma letra nele.
Conhece bem a letra A pelo nome e pela forma de como se apresenta em letra de maiúscula. 
 
Conforme seguiu identificando os cartões da seguinte maneira:

AAAAAA  - informou que é o A
PÉ – informou que é I,O,U
21598 – informou que é E,I,O,U
A fig. do cachorro – identificou como sendo um cavalo
A fig. da árvore, casa e ônibus  – identificou como casinha, flor e carro.
PÁ – informou que é A
mmmmmm – informou que é o I
MANTEIGA - informou que é o A
CASA - informou que é o A
XOXO XOXO - informou que é o X
SÍMBOLOS misturados ao I ao D e ao N invertido - informou que é o M
MMMMMM - informou que é o M de médico
17301 -  informou que é o I
BEBE - informou que é o I, O, U
BONECA - informou que é o A
MAÇÃ - informou que é o M e o A também
má - informou que é o M, O, U
A - informou que é o A
M1ZQ3T0 - informou que é o I o número 1

2 – Leitura de Texto

- Livro: A nova professora (The new teacher) de Jane Carruth, desenhos de Tony Hutchings – Circulo do Livro S.A.

Na sequência da leitura do livro escolhido pergunto:

- Onde estou olhando quando leio?
Apontou sem qualquer critério o local onde só havia figuras.

- Quando apontei uma página sem escrita só com figuras e perguntei: Posso ler esta página?
Informou-me que sim e isso porque nela continha as figuras.
 
- Quando apontei uma página só com escrita e perguntei: Posso ler esta página?
Informou-me que não e isso porque nela não continha as figuras.

Sondagem sobre a escrita

Feito pausadamente o ditado das seguintes palavras abaixo:

Primeiro escreva seu nome: escrita muito longa e foi lida em inteiro sem silabar.
COLA escrita curta e lida sem silabar
BOLA - escrita curta e lida sem silabar
BALA - escrita curta e um desenho junto representando que é algo que gosta bastante, lida sem silabar
MOSQUITINHO - escrita minúscula e lida sem silabar
ALEGRIA - escrita em duas partes de cima e debaixo e lida sem silabar 
SONHO – escrita comprida e lida sem silabar
CASA - escrita em duas partes de cima e debaixo e lida sem silabar
ESCOLA – não sabe escrever escola e não quis escrever
PÉ - escrita muito longa e foi lida em inteiro sem silabar
SALGADINHO - escrita em três partes seqüenciais e pequenas e lida sem silabar
PÁ - não sabe escrever pá e não quis escrever
SOL – fez um círculo muito grande e disse que estava escrito sol
O menino pegou o doce - escrita muito longa e foi lida em inteiro sem silabar 
Ao retornarmos às palavras que havia escrito, perguntei-lhe de qual delas se lembrava do que havia escrito, somente a palavra que desenhou como sendo o sol que conseguiu identificar.

Análise das hipóteses sobre a leitura e a escrita:

Evolução na Leitura

1 - Quanto à possibilidade de Leitura de um material:

a) - Aceitou quantidade mínima de letras;
b) - Aceitou a falta de variedade de letras;

2 - Quanto à diferenciação de elementos gráficos:

2.1- Aceitou como material de leitura tanto os escritos como os desenhos;
2.2- Diferenciou nos cartões onde só há escritos e onde só há figuras, porém afirmou que onde só há escrita no livro não dá para ler, dado a quantidade grande de texto escrito;
2.3- Diferenciou os cartões onde só há escritos dos cartões onde só há desenhos;

3 - Quanto ao reconhecimento das letras:

3.1 – Reconhece muito bem a letra A;
3.2 – Reconhece e nomeia algumas vogais, porém a única que identifica sem erro é a letra A, faz uma mistura a letra í com o número 1 e outras escritas parecidas;
3.3 – Não possui o domínio correto de todas as vogais;
3.4 – Não nomeia todas as letras;

Evolução na Escrita

- Imita a escrita cursiva que é posterior a fase de garatujas;

Hipótese pré-silábica

Nivel 1
 
– Escrita Indiferenciada
- Tem baixa diferenciação entre a escrita de uma palavra e outra;
- Só consegue distinguir imediatamente o que escreveu, depois não se lembra mais;
- A representação escrita está associada ao grafismo cursivo;
- Faz associação da escrita ao tamanho ou a importância dos objetos; 
- Não gosta de fazer desenhos próximos à escrita;
- Utiliza ordem linear para sua produção escrita;
- Utiliza grande quantidade de caracteres, porém sem grandes variações;
- Ao ler aponta uma única vez a palavra que escreveu;

Observação: 
 
Lê todo o contexto gráfico escrito ainda como informação em forma de figuras.

Referência Bibliográfica: 

Azenha, M.G. Construtivismo de Piaget e Emília Ferreiro, 9 Ed. São Paulo: Ática. 1999. Cap. 4 e 5, pp. 34-87